[Literatura Juvenil] Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente [Porto Editora]





Autor: Gil Vicente

Editora: Porto Editora

Data de edição:

Nº de paginas: 64 paginas

Colecção: Educação Literária

Opinião por Ana Santos, Blog A Dama dos Livros


Na auto da Barca do Inferno, uma peça teatral, dar unidade de acção através de um único espaço e de duas personagens fixas "diabo e anjo".
A peça inicia-se num porto imaginário, onde se encontram as duas barcas, a Barca do Inferno, cuja tripulação é o Diabo e o seu Companheiro, e a Barca da Glória, tendo como tripulação um Anjo na proa.
Apresentam-se a julgamento as seguintes personagens:


  • Fidalgo, D. Anrique;
  • Onzeneiro (homem que vivia de emprestar dinheiro a juros muito elevados, um agiota);
  • Sapateiro de nome, que parece ser abastado, talvez dono de oficina;
  • Joane, um parvo, tolo, vivia simples e inconsciente dos seus actos;
  • Frade cortesão, Frei Babriel, com a sua "dama" Florença;
  • Brísida Vaz, uma alcoviteira;
  • Judeu usurário talvez chamado Semifará(na obra diz-se que pode ser o nome do próprio ou de um conhecido);
  • Corregedor e um Procurador, altos funcionários da Justiça;
  • Enforcado;
  • Quatro Cavaleiros que morreram a combater pela fé.

Cada personagem discute com o Diabo e com o Anjo para qual das barcas entrará. 
Esta obra tem dado margem a leituras muito redutoras, que grosseiramente só nela vêem uma farsa. Mas se Gil Vicente fez a impiedosa das moléstias que corroíam a sociedade em que viveu, não foi para se ficar aí, como nas farsas, mas para propor um caminho decidido de transformação em relação ao presente. Normalmente classificada como uma moralidade, muitas vezes ela aproxima-se da farsa; o que indubitavelmente fornece ao leitor é uma visão, ainda que parcelar, do que era a sociedade portuguesa do século XVI. Apesar de se intitular Auto da Barca do Inferno, ela é mais o auto do julgamento das almas.

Esta obra do grande Gil Vicente  é considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, actor e encenador. É considerado o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico, já que também escreveu em castelhano - partilhando a paternidade da dramatologia espanhola com Juan del Encina.

Para mim, esta obra é uma das melhores.

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