[Literatura] "O Leque Secreto", de Lisa See [Editorial Presença]

 


Autora: Lisa See

Editora: Editorial Presença

Edição: Julho de 2006

Nº de Páginas: 304

Género: Romance

Sinopse:


UMA VIAGEM PELA CHINA DO SÉCULO XIX


Escritora de mistério, Lisa See leva o leitor até à China do século XIX onde duas raparigas desenvolvem uma profunda relação de amizade. Desde meninas, Lili e Flor de Neve comunicam entre si através de uma linguagem secreta - nu shu - inscrita num leque de seda. Habituadas a partilhar as agruras da vida sabem que só o casamento as pode salvar de uma vida condenada ao sacrifício. Por isso, desde muito cedo experimentam a dor, através da tradição de enfaixamento dos pés, de forma a torná-los delicados e pequenos aos olhos dos homens. Aprendem a bordar e a coser e tornam-se verdadeiras irmãs de juramento. Porém, os anos vão passando e a entrada na vida adulta, o casamento e um mal-entendido ameaçam os estreitos laços de amizade entre as duas, mas perto do fim da vida voltam a reencontrar-se. Uma leitura inspiradora, comovente e de uma extrema sensibilidade, são a prova inequívoca da conquista do prémio para "Melhor Romance de 2005".

Opinião por Ana Santos, Blog A Dama dos Livros

Já algum tempo que tinha vontade de experimentar esta autora, apesar de os seus livros abordarem todos a temática oriental e esse tema que sempre me cativou. O Livro foi me dado, pela uma amiga, e ela este doente, e quando estava no hospital e em casa de repouso leu mais de 50 livros, e em vez de os deitar fora eu os adquiri.

A nossa jornada começa no inicio do século XIX na china, numa história contada na primeira pessoa. Lírio, que ao inicio é apenas uma criança nascida numa família sem grande posição social; é a história da vida dela que aqui será contada.
Ao longo de todo o livro, vamos tomando contacto com as mais variadas tradições e costumes da época, que ganham particular interesse por pertencerem a uma cultura tão distante da nossa, em tempo e distância; na fase inicial, dois deles se destacam: o enfaixar de pés e o nu shu. O primeiro era uma prática chinesa que vinha desde do século X, tendo-se prolongado até ao século XX, e que tinha por base em começar a deformar os pés das mulheres desde da terna idade, de modo a tomarem uma forma bicuda e mais pequena que o normal, sendo normalmente feito em jovens de classes mais altas; presume-se que este costume tenha tido origem na percepção de que, naquela forma, os pés se tornariam mais atraentes para o sexo oposto. O sucesso desta prática e a obtenção dos pés mais pequenos possível eram decisivos para o futuro da mulher, no que dizia respeito ao casamento que conseguiria arranjar. O nu shu era a linguagem secreta inventada pelas mulheres chinesas utilizada para falarem entre si numa época em que raramente era fácil faze-lo.

A nossa pequena Lírio aprendeu desde de bem cedo o que ambas as tradições significavam. Viu os seus pés enfaixados aos 7 anos e depressa descobriu a utilidade do nu shu para comunicar com a sua laotong, com quem, de certo modo, tinha uma ligação mais profunda do que com as suas próprias irmãs. Na verdade Lírio não tem uma ligação particularmente forte com ninguém na sua família e vê os encontros periódicos com Flor de Neve com grande alegria. E é à volta da amizade destas duas meninas, que se transformarão em mulheres, que a história gira. Vemos como a sua relação evolui ao longo do tempo e sobrevive ao decurso natural das suas vidas, que inclui casar  e ter filhos.

O que mais me interessou neste livro, foi o facto de me ter dado a conhecer a cultura chinesa e as suas tradições. Hoje em dia , o enfaixar de pés parece realmente um pouco bárbaro, mas dei por mim a ler alguns artigos sobre o assunto e acho muito fascinante tudo o que estava subjacente. Todos os outros costumes são igualmente interessantes e despertaram em mim a curiosidade por saber um pouco mais sobre o tema.

Enquanto ao enredo e  as personagens, com muita pena minha, não me cativaram assim tanto quanto eu esperava. É um pouco difícil de me  explicar os motivos, porque sinto que havia aqui material suficiente para cativar o leitor, mas comigo não teve esse efeito. 

Comentários